Nos primórdios do mercado fonográfico, quando o disco de vinil reinava soberano, o single era o único formato possível.
A tecnologia não havia avançado o suficiente para colocar mais de uma música em cilindros de cera e nos discos manuais em que a música era vendida. Por isso, do dia em que Thomas Edison gravou “Mary Had a Little Lamb”no seu fonógrafo, em 1877, até por volta dos anos 1920, as músicas eram vendidas individualmente. Mas finalmente as gravadoras começaram a prensar discos de 78 rpm (rotações por minuto), que conseguia comportar duas músicas, porque as ranhuras eram mais finas. Em 1948, a Columbia Records apresentou o disco de 33 1/3 rpm e de 12-polegadas. Era o disco long play (LP).
Um ano depois, a RCA Victor lançou o disco de 45 rpm e de sete polegadas, que só tinha quatro minutos de música de cada lado, mas uma qualidade de música mais fiel.
E aí começou a “batalha das velocidades” entre a Columbia e a RCA Victor no fim dos anos 1940. A Columbia saiu vitoriosa e o mercado passou a usar o disco de 12 polegadas, de 33 1/3 LP, como o modelo em que apostaria: o álbum long playing (LP). Mas isso não impediu que a RCA tentasse mais uma vez derrubar sua rival. Em 1952, eles lançaram o Extended Play 45, de sete polegadas. A RCA diminuiu um pouco a qualidade de som, porque diminuiu as ranhuras, para conseguir colocar no disco quase o dobro do tempo de música do 45 original, mas isso não foi suficiente para derrubar o gigante LP.
Lá pelo meio dos anos 1960, a maioria dos artistas não se dava por contente com lançar de uma a quatro músicas em um EP, sendo que um LP permitia colocar cinco ou seis músicas de cada lado do disco. Os Beatles lançaram Sgt. Pepper, o conceito de álbum nasceu, e os anos 1970 viraram a era do Album Oriented Rock (AOR), ou Rock Concebido para Álbuns. Singles iam para as rádios e os álbuns eram vendidos nas lojas. Alguns poucos artistas da RCA, tipo Elvis Presley, usaram o EP para consolidar seu sucesso nos anos 1950 e 1960, mas os anos 1970 transformaram esse tipo de disco em produto de nicho. Nos anos 80, a duração curta das músicas de punk rock somada à incapacidade da maioria dos artistas de financiar a gravação de um LP fez com que o EP voltasse com tudo. Bandas como Black Flag aproveitaram o formato ao máximo. Dukowski e Co. fez três EPs lendários– todos com menos de sete minutos –antes de seu álbum de estreia, Damaged. O EP, portanto, passou por um renascimento e encontrou um novo propósito dentro da música independente: o de apresentar bandas cheias de sanha para o mundo.
Nos anos 1990 os CDs suplantaram o disco de vinil e as fitas cassete. O EP ainda assim manteve sua função, e ajudou vários artistas a conseguirem alcançar a fama. Eminem assinou um contrato com a gravadora Aftermath depois que o dono desse selo, Dr. Dre, ouviu o EP Slim Shady, que ganhou de Jimmy Iovine. (Por coincidência, a capa do EP de Eminem é muito parecida com Damaged, do Black Flag.) E isso continuou acontecendo no novo milênio. Em 2001, o EP dos Strokes, The Modern Age, chamou tanta atenção que a banda pôde praticamente escolher com quem queria trabalhar.
No meio da revolução do streaming, em que escolha individual de músicas e playlists vieram para substituir os downloads de álbuns, os artistas conseguiram encontrar novas funções para o EP:
O EP ainda é uma boa opção para um primeiro lançamento, se você tiver mais de uma música gravada. Não é tão longo quanto um álbum, então você não vai se sentir pressionado a escrever dez músicas, se só tiver cinco prontas. Também é mais barato de gravar, já que você passa menos tempo no estúdio.
Um EP de estreia é um jeito ótimo de conquistar fãs, enquanto você compõe mais músicas. E é comum que artistas regravem uma ou duas músicas do seu primeiro EP no seu álbum de estreia. Escolha suas prediletas e faça uma versão ainda melhor delas, quando você finalmente conseguir dinheiro para pagar o estúdio.
Artistas estabelecidos usam o EP para saciar a fome dos fãs entre o lançamento de um álbum e de outro.
Geralmente, esses EPs têm músicas que eram Lados B do álbum, e dão tempo para o artista criar outros sons, fazer turnê, ou mesmo tirar merecidas férias. Carly Rae Jepsen lançou Emotion: Side B um ano depois do seu álbum de estreia, em 2015 , Emotion. Ele tinha 27 minutos de músicas que os fãs não tinham ouvido, e que os manteve animados esperando o próximo álbum.
Uma coisa boa do EP é que ele é flexível e não tem um formato definido. Ele pode ser um exercício para você ousar. Você gosta de algumas gravações de músicas ao vivo? Ou tem um remix que outro artista fez da sua música? Uma canção que ficou de fora do seu álbum? Junte-as todas e apresente para os seus fãs, que ainda não ouviram! Um uso comum do EP na música eletrônica é primeiro lançar um single, e depois lançar um EP de remixes da mesma música. O EP é tipo uma feijoada musical: você pode misturar coisas diferentes na mesma panela.
Agora que você tem uma noção de por que e como fazer um EP, pode estar se perguntando o que é considerado um EP dentro de serviços digitais tipo Apple Music e Spotify.
Por sorte, há regras bem claras dessas plataformas, que são as únicas duas que citam EP como uma categoria.
EPs têm de cumprir uma dessas duas regras na Apple Music:
Se o seu lançamento cumprir um desses dois pré-requisitos, o iTunes vai colocar o termo “-EP” automaticamente depois do título. Então, queira você ou não, será um EP o que se encaixa nessas categorias.
Qualquer lançamento que cumprir um desses pré-requisitos aí embaixo vai entrar na categoria “EP’s & Singles”, em vez de estar em “Álbuns”:
Note que: o Spotify NÃO VAI mudar o nome do seu lançamento, para colocar o formato no fim
Se você só tiver uma música, um single ainda é o melhor jeito de lançá-la. Assim como acontece com EPs, a Apple Music e o Spotify têm exigências para que seu som seja classificado como single.
A Apple Music vai enquadrar seu som como single se:
Assim como acontece com EPs, se o som que você enviar se enquadrar nas exigências de Single da Apple Music, a plataforma vai colocar um “-Single” no fim do nome.
Sua música será considerada um single se:
Singles são um ótimo jeito de lançar uma música, mas o EP é um próximo passo fantástico para a carreira de um jovem artista.
Ele não exige a atenção de um álbum e custa bem menos para gravar. Tem como não curtir?
Fonte: Cd Baby
Por Greg Majewski
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